Em um cenário onde crianças e adolescentes estão cada vez mais conectados, os pais enfrentam um desafio crescente: incentivar os filhos a se desligarem das telas e explorarem atividades que promovam seu desenvolvimento. Dados recentes do IBGE, divulgados em 2022, revelam que 91,4% das crianças e adolescentes entre 10 e 13 anos possuem um celular para uso pessoal no Brasil, reforçando a necessidade de estratégias que estimulem a brincadeira fora do mundo digital.
A Sociedade Brasileira de Pediatria é clara em sua orientação: crianças menores de 2 anos de idade não devem ser expostas a telas, enquanto crianças entre 2 e 5 anos devem ter o tempo de tela limitado a, no máximo, uma hora por dia. Já crianças entre 6 e 10 anos devem utilizar telas por até duas horas diárias, e crianças maiores e adolescentes, entre 11 e 18 anos, não devem ultrapassar o tempo limite de três horas de tela por dia, incluindo o uso de televisão e videogames.
O ato de brincar é essencial para o desenvolvimento infantil. Além de ser uma atividade prazerosa, ele promove habilidades fundamentais como criatividade, empatia, colaboração e a capacidade de se relacionar com os outros. “Brincar alivia o estresse e aumenta a sensação de bem-estar. Quando as crianças são privadas dessa oportunidade, seu desenvolvimento pode ser comprometido”, explica Adriana Tedesco, especialista em iluminação saudável.
Nesse contexto, a iluminação dos espaços infantis tem se mostrado uma ferramenta eficaz para motivar as crianças a se afastarem dos dispositivos eletrônicos e se engajarem em brincadeiras que estimulam o corpo e a mente. Adriana ressalta que ambientes lúdicos, compostos por elementos circulares, esféricos e orgânicos, criam uma maior interação das crianças com o espaço. “Quando projetamos ambientes para elas, utilizamos a luz artificial como estratégia para estimular brincadeiras que promovem uma verdadeira festa química no cérebro, auxiliando também na concentração, aprendizagem e memória.”
Essas técnicas, segundo Adriana, ajudam as crianças a se desconectarem do celular e se sentirem atraídas pela socialização e pelas brincadeiras. A especialista detalha como a luz pode ser explorada de forma lúdica: “Imagens impressas em telas tensionadas, com iluminação dinâmica, regulam hormônios de acordo com o ciclo circadiano, enquanto a iluminação colorida traz sensações mais envolventes e interativas.”
A criação de ambientes que simulam cenários naturais, como parques, florestas ou praias, através de telas iluminadas em formas orgânicas e circulares nos tetos e nas paredes, também tem um papel importante nesse estímulo. “Essa conexão visual com o exterior atrai naturalmente as crianças e as mantêm mais engajadas na brincadeira”, observa Adriana. Além disso, ela aponta que a simulação de um céu estrelado, feita com fibra ótica, é uma técnica eficaz para prender a atenção dos pequenos e reduzir a tensão neural.
Outras estratégias incluem caminhos de neon LED no chão, piscinas de bolinhas iluminadas e cachos de fibra ótica, que permitem uma interação segura e divertida com a luz. “Esses elementos complementam os espaços lúdicos e garantem que as crianças permaneçam por mais tempo nesses ambientes que estimulam a criatividade e a brincadeira, fases cruciais para o desenvolvimento infantil”, conclui Adriana.
Enquanto os pais buscam formas de equilibrar o tempo de uso das telas com outras atividades, criar espaços que incentivem o brincar de forma interativa e envolvente pode ser uma solução eficaz para ajudar as crianças a se desconectarem do mundo digital e explorarem o que a infância tem de mais natural: o brincar.